terça-feira, dezembro 21, 2004

Baptismo gelado

Apesar dos meus exames terem acabado na Sexta-feira (dia 17), eu e Joana só temos vôo marcado para amanhã (dia 22, Quarta-feira). Não é por especial amor por este país ou por falta do que fazer em Portugal. Simplesmente o primeiro calendário que a escola me enviou dizia que a época de exames acabava dia 21 e eu fui mto lento a mudar o vôo quando eles alteraram isso.

Mas há males que vêm (veiem? vêem? Eu devo ter algum defeito genético que me impede de aprender de uma vez por todas como se escreve esta porra!) por bem. Como a maior parte de vocês provavelmente não sabe, não muito longe aqui de Berkeley, existe uma das melhores zonas para desportos de Inverno de todos os Estados Unidos: o Lake Tahoe. Por razões diversas (a Joana porque é uma medricas de primeira água, eu por teorias várias com as quais não vale a pena estar a chatear-vos agora), nenhum de nós dois alguma vez tinha esquiado na vida. No entanto, a ocasião faz o ladrão, pelo que desde o início que estávamos determinados a aproveitar estes dois anos para mudar essa situação. No segundo ano talvez sigamos o exemplo de muitos segundo-anistas antes de nós e arrendemos (com mais uma meia dúzia de colegas) uma cabana para toda a temporada, mas este ano lectivo a nossa ideia era ir já uns dois ou três fds's para perdermos a nossa virgindade gelada e termos a certeza que gostávamos.

Tudo isto para dizer que, acabados os exames, lá fomos nós para a neve, para o nosso baptismo gelado, juntamente com dois casais brasileiros e meio (o "Poor Palhinha" - uma história que merece ser contada um dia - cuja esposa Marcela já tinha voltado para o Brasil) nossos amigos.

E bom, foi espectacular! Como bastavam dois fds's para essa opção compensar, nós "arriscámos" um pouco antes de sequer experimentar e comprámos season passes para toda a temporada. Pelo que algo me diz que temos planos para um grande número de fds's de Janeiro a Abril. E depois quando voltarmos vamos sofrer por não poder ir esquiar todos os fds's, mas enfim, preocupar-nos-emos com isso quando tivermos esse problema.




O ideal seria termos tirado milhares de fotos, mas é claro que a máquina digital ficou sem bateria depois das primeiras duas fotos e o carregador ficou em Berkeley. Não é a mesma coisa, mas enviamos algumas fotos dos sites de duas estâncias a que fomos: Sierra e Northstar.

E agora vou mas é fazer a mala. Boas férias para todos! O Kalifornia Express propriamente dito só volta em meados de Janeiro.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Duas razões pelas quais esta é uma boa altura para se estar na Kalifornia





sábado, dezembro 11, 2004

Futebol americano universitário, a Rose Bowl e outras provas que já estou nos Estados Unidos há demasiado tempo

Como se o mini-autocarro, a barba e os óculos escuros não fossem prova suficiente de que a América está a afectar-me o juízo, em apenas 3 meses tornei-me um adepto de futebol americano. Sobretudo do futebol americano universitário. (este parágrafo inicial deve ser prova mais do que suficiente que o melhor tem a fazer neste momento é não lerem mais nada e irem fazer qualquer coisa mais interessante tipo ir arrumar os dossiers com as contas de telefone, luz e gás do ano passado. Considerem-se avisados, prossigam por vossa conta e risco!)

Não sei se vocês sabem (heeere we go...), mas o desporto aqui nos Estados Unidos funciona de uma forma bastante diferente. Ao contrário do que acontece no resto do mundo em geral e em Portugal em particular, aqui os bons desportistas em vez de desistirem da escola (ainda) mais cedo que o resto dos mortais, ficam na escola exactamente por isso. Bons desportistas (em quase qualquer desporto, mas sobretudo no futebol americano e no basquetebol) à saída do liceu recebem boas bolsas de estudo para irem para boas universidades (boas naquele desporto, leia-se). Uma vez na universidade, passam mais tempo a fazer desporto do que a estudar, mas é isso que se espera deles. Depois os melhores (menos de 5%, dizem-me) são recrutados pelas equipas profissionais.

No fundo, as universidades desempenham o papel de "escola" que os escalões juniores dos clubes europeus desempenham. Enquanto na escola, os jogadores são amadores e, mesmo que sejam a melhor coisa que já aconteceu no desporto desde que ele foi inventado, têm de esperar até "acabar o curso" para passar para uma equipa profissional e começar a fazer bom dinheiro. Ou seja, se o Cristiano Ronaldo fosse americano, ainda estaria a jogar na sua Universidade e ainda era amador, apesar de já ser um dos melhores jogadores do mundo (na verdade, o sistema é um pouco mais flexível que isto, mas por simplificação vamos assumir que é assim).

Entusiasmante este tópico, não é? Não sei se eu próprio vou conseguir ficar acordado tempo suficiente para acabar de escrever esta coisa... Mas sendo que a alternativa é tomar atenção à aula de Contabilidade a que estou assistir, avancemos sem medos.

Perguntam vocês: porque raio resolvi eu passar valiosos minutos do meu tempo a aborrecer-vos de morte com este assunto? Basicamente, porque esta introdução é essencial para explicar uma outra questão potencialmente ainda mais aborrecida: o sistema de Bowls do futebol americano universitário e a roubalheira de que a equipa aqui da Universidade (Cal Bears) foi alvo.

Portanto, como se este sistema já não fosse bizantino o suficiente, a organização do campeonato de futebol americano universitário é uma confusão pegada que dificilmente se consegue compreender apenas numa conversa (agora, porque é que eu resolvi pôr-me a explicar isto num e-mail é algo que só o meu psicanalista poderá explicar...). O campeonato principal tem 117 equipas ou coisa que o valha que se encontram divididas em várias divisões de cerca de 10-12 equipas, sendo que, claro!, há equipas q não pertencem a nenhuma delas. Por exemplo, a equipa aqui dos Cal Bears pertence ao Pac 10, de que fazem parte outras equipas aqui da região do Pacífico (Standford, UCLA, USC, Oregon, Arizona, etc.).

Cada época regular é composta de apenas 11 ou 12 jogos. Cada equipa joga com quase todas as equipas da sua divisão (que vão variando de ano para ano, com a excepção de alguns jogos mais clássicos q nunca mudam; exemplo: Cal joga sempre com Stanford, visto ser uma rivalidade histórica) e com mais duas ou três equipas de outras divisões (que vão variando, com a excepção de algumas rivalidades históricas que dão direito a jogo anual; ex: USC - Notre Dame). Ao contrário do que acontece no resto do mundo e no resto dos desportos, duas equipas jogam apenas uma vez por ano. Um ano jogam em casa, no outro jogam fora. A justificação que me deram - e que faz sentido - é que sendo um desporto tão dado a lesões (é raro jogo de futebol americano em que pelo menos um jogador não fica arrumado para o resto da época) se a época fosse mto maior, o numero de jogadores que cada equipa teria de ter seria absolutamente incomportável (sendo que mesmo assim cada equipa tem um numero louco de jogadores: 11 tipos atacam, outros 11 defendem, outros 11 jogam nas "special teams", etc, etc.).

(permito-me abrir um parentesis para comentar esta fixação dos americanos pela "tradição". Para compensar uma falta brutal de patine, estes tipos vêm tradição em qualquer coisa que se repita 5 vezes. E é por isso certamente que existem tantas "rivalidades históricas" que na verdade que não têm mais de 50 ou 60 anos. Imaginem se estes tipos tivessem marchas populares de Lisboa ou o Palio de Siena!!)

Finda a época regular - os tais 11/12 jogos - as melhores equipas de cada divisão jogam mais um jogo. Esses jogos de final de época são chamados "Bowls" e são o equivalente universitário da Super Bowl. Só que em em vez de uma por ano, existem variadissimas, com vários graus de importância. As mais importantes, acho eu, são a "Rose Bowl", a "Orange Bowl", "Fiesta Bowl" e a "Sugar Bowl", mas há muitas outras. (os mais atentos devem ter rejubilado com a menção da Rose Bowl, visto ela ser a principal razão pela qual decidi fazer este doloroso exercício de re-escrita dos Maias). A Rose Bowl, por exemplo (e é o que interessa para aqui) é jogada entre o primeiro classificado do Pac 10 (relembro que essa é a divisão de que aqui a equipa dos Cal Bears fazem parte) e o primeiro classificado dos Big 10 (que é composta por equipas do Midwest e, como nome indica, tem 11 equipas!!). Geralmente, mas nem sempre porque, não satisfeitos, estes senhores decidiram introduzir mais um elemento de complicação: os rankings nacionais!

Dado o sistema de divisões e o facto de as equipas não jogarem todas umas com as outras (nem nada que se pareça!!), dir-se-ia que um ranking nacional não seria possível, certo? Errado!! À falta de critérios "desportivos", eles vão a votos. Todas as semanas são publicados vários rankings das melhores equipas universitárias, resultando da votação de vários grupos de pessoas (treinadores, comentadores, pessoas normais, pessoas anormais, gatos, periquitos, etc.). "Tradicionalmente", isso servia para decidir quem era o "campeão nacional". Mas isto, claro, sempre criou imensa polémica. Afinal de contas como se podia saber se a equipa A era melhor que a equipa B se elas nunca jogaram? Vai daí, eles decidiram melhorar o sistema por forma a haver um campeão nacional indiscutível.

Uma possibilidade seria criar um sistema de playoffs, mas nããããooo... Isso seria demasiado simples!! E pouco "tradicional"!! O que fizeram eles? Decidiram que os dois primeiros classificados no ranking nacional jogariam no final do ano para tirar as teimas. Porreirissimo! Mas isso levanta dois problemas: Primeiro, com tantos rankings diferentes, como é que se define quais os dois primeiros classificados? Segundo, e o que acontece com as "bowls" tradicionais?

Para resolver a questão do excesso de rankings, o que fizeram eles? Criaram mais um, claro (sob o nome BCS - importante legenda para se compreender o cartoon incluso)!! Mas desta vez, em vez de serem pessoas ou periquitos a votarem, são computadores. Uma meia dúzia de diferentes algoritmos considerando diversos critérios (pontos marcados, pontos sofridos, qualidade dos oponentes, condições climatérias, cores das camisolas, esse tipo de coisas) são calculados, ponderados e pimbas! Acho que no início era assim mas acho q a coisa gerou muita polémica porque os humanos (já para não falar dos outros animais domésticos envolvidos) não concordavam muito com os rankings computadorizados. Então este ano (penso que este ano foi o primeiro em que isso aconteceu) decidiram-se por uma solução intermédia em que o ranking final é uma média de 3 rankings: os dois rankings "humanos" (votados) mais reconhecidos e o ranking "computadorizado" que anteriormente era utilizado em exclusividade.

Com o jogo de definição do campeão nacional cria-se um problema: quem é que substitui nas "bowls tradicionais" as equipas que vão ao jogo de campeões? E aqui finalmente chegamos à história que queria contar. (Infelizmente, para vocês perceberem de todo do que vou falar a seguir, foi necessário este pequeno prólogo. Espero que os danos psicológicos que a sua leitura possa ter causado não sejam permanentes!) Essa decisão é muito pouco clara e este ano prejudicou seriamente os Cal Bears. Os primeiros classificados aqui do Pac 10 foram os USC Trojans e teriam portanto direito a jogar a Rose Bowl. Contudo, eles tb ficaram em primeiro lugar no ranking nacional, pelo que vão antes jogar o tal jogo de campeões e têm de ser substituídos. Depois de uma época brilhante em que só perderam - e por poucos - com USC, os Cal Bears ficaram em segundo lugar no Pac 10 e tinham óbvias pretensões a ir à Rose Bowl. Contudo, a decisão final cabe aos organizadores (privados) da Rose Bowl e eles acabaram por escolher a equipa do Texas (de uma outra divisão, claro) porque esta, na recta final, ultrapassou os Cal no ranking nacional (acabaram em 4º e "nós" em 5º).




Resumindo e concluindo: fomos roubados!!! O que se passa é que a equipa dos Cal tem muito pouca "tradição" em termos de futebol e os organizadores estavam mortinhos para a substituir pelo Texas, muito mais propensa a criar receitas (publicidade, merchandising, etc.). Nem foi necessário muito. Bastou reduzir um tudo ou nada a votação dos Cal nos rankings humanos e pronto: O Texas ultrapassou Cal e os organizadores tiveram os seus desejos realizados. Ainda não é desta que os Cal põem (nunca soube escrever isto) um fim ao seu jejum de 50 anos e voltam à Rose Bowl. Mas, enfim, a maior parte das pessoas achou todo o processo escandaloso e mais uma vez se discute o que se pode fazer para tornar a coisa mais transparente.

Agora, qual a importância e relevância disto tudo é que eu não sei! Mas está escrito e não vou deitar fora. Para além que fica totalmente provado o título do post...

aardvark

PS: Para aqueles que estão a suster a respiração a pensar "mas... e os nossos heróis, os ursos da Califórnia, não têm direito a nenhum prémio de consolação?". Têm sim senhor. Vão jogar a "Holiday Bowl" que tem tanto carisma como o nome indica: pouco. Uma "bowl" absolutamente secundária.

PPS: Aqueles que estão a suster a respiração para ver se arranjam um atalho para acabar com o seu sofrimento, podem descansar: acabou!

domingo, dezembro 05, 2004

Nova vida, novo look




Na verdade é apenas preguiça de fazer a barba, mas enfim...

Não percam as cenas dos próximos capítulos, quando eu fizer a barba e deixar primeiro a pêra, depois apenas o bigode. E hei de publicar tudo aqui para envergonhar a Joana o mais possível!!!

E os óculos, hã? Grande pinta. Utilizo-os para jogar Poker. Ficam óptimos com a minha Poker face (que é basicamente o que estou a fazer na foto...)

O bom filho à coisa retorna

Tenho andado um bocado afastado destas andanças. Mas ao menos tenho boas desculpas. Tenho andado muito ocupado com... hmmm... coisas. Coisas importantes e inadiáveis! E secretas, também!!

E agora que já arrumámos esse assunto, deixem-me apresentar o novo elemento da família aqui nos Estados Unidos.




Gostam do nosso mini-bus? É um Dodge Gran Caravan. Comprámos a uma outra portuguesa que não tem a certeza que vai voltar aqui para a terra da oportunidade. É ligeiramente maior do que o carro (se é que lhe podemos chamar isso) que tínhamos em Portugal (que, pela falta de notícias, o meu irmão já deve ter tratado de deixar cair nalguma ribanceira ou trocado por vales de desconto para a casa de meninas em frente a casa dele), mas nós havemo-nos de arranjar.

Para além de ser uma boa oportunidade (bom preço, bom estado), nós achámos que não fazia sentido nenhum vir aqui para os States e comprar um qualquer carro maricas japonês, europeu ou assim. Queríamos um carro grande. Americano. Excessivo. Temos uma amiga portuguesa aqui que qdo soube que tínhamos comprado o carro (que ela conhecia de quando era da outra amiga), perguntou: "compraram a Hiace dela?"

Em Roma sê romano. Vai dar muito jeito para as nossas viagens aqui! E para o dia-a-dia, que este país não foi feito para pobretanas apeados...

a

PS: A Joana faz questão de dizer que não subscreve as minhas palavras. Onde se lia "nós" leia-se "eu". Acho que por ela tinha mandado vir um Punto de Portugal ou assim. Gostos...