terça-feira, setembro 28, 2004

Listas de colocação de professores disponíveis na Internet

Kalifornia Express

Pois, eu sei que não é propriamente uma novidade aqui da Kalifornia. No entanto, a importância deste feito (uau, fazer listas de colocações) tem tal ressonância planetária, que não pude deixar de lhe dar o devido destaque.

in PUBLICO.PT

As listas de colocação de professores já estão disponíveis no sítio da Internet da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação, em http://www.dgae.min-edu.pt.

Após dois dias de espera pelas listas de colocação dos professores, que deveriam ter sido divulgadas no dia 21, Maria do Carmo Seabra anunciou na passada terça-feira que o processo seria concluído manualmente até ao dia 30 deste mês, próxima quinta-feira.

A ministra indicou que, perante a "impossibilidade de haver uma data para o sistema informático gerar as listas de colocação de docentes", o Governo tinha duas alternativas: "Colocar os professores nas escolas onde estavam no ano anterior ou proceder à colocação manual de docentes".

Maria do Carmo Seabra explicou que, como a "primeira alternativa significava a anulação da primeira fase de colocações já decorrida, o que prejudicaria as escolas que já iniciaram o ano lectivo", o Governo optou pela segunda via.

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Pois...

sexta-feira, setembro 24, 2004

Aqui também se fazem coisas sérias!

Pelo menos é o que eu oiço dizer... Até agora ainda não presenciei, mas que las hay, hay (Puerto Rico...)

Vocês sabem o que é um cable car? Um cable car é uma espécie de eléctrico sem electricidade que percorre algumas das ruas mais íngremes de San Francisco. E quando uma rua em San Francisco é íngreme, cuidado! O cable car, para quem não sabe, utiliza uma tecnologia muito curiosa: baseia-se num sistema de cabos que circula incessantemente por baixo das ruas de San Francisco. Por baixo de cada carro há uma espécie de... torno? pinça? alicate? bom, uma coisa que agarra o cabo. Assim, quando o condutor quer acelerar, "agarra" o cabo; quando quer parar "deslarga" o cabo.

Fixe, não é? Como seria de esperar é um mega ex-libris da cidade e todo o turista que é turista (nós incluído(s?), como não poderia deixar de ser) tem de andar pelo menos num.

Bom, isso é para os turistas. Porque para os autóctones há um conceito ainda mais porreiro: aquilo a que eles chamam os "trolleys". O trolley car é uma espécie de cable car com rodas. (recapitulando: os cable cars são eléctricos sem electricidade que utilizam mas é cabos; os trolleys aqui tb não têm electricidade e na verdade são autocarros disfarçados de cable cars. Simples, não?). E para que servem os cable cars? Aparentemente servem para se forrar de bebidas, empacotar de amigos, pôr música a altos berros e andar pela cidade.



E foi assim que, há duas semanas atrás, tivemos mais uma grande oportunidade de imergir na caleidoscópica vida cultural americana. Dois colegas de MBA - que eu nunca cheguei a descobrir quem eram - faziam anos, pelo que há que organizar um passeio de cable car pelas ruas de San Francisco, com paragem cénicas em alguns dos seus bares mais decadentes.

Antes do trolley arrancar, o condutor achou por bem avisar que quem vomitasse dentro do carro teria de pagar 300 dólares. Se não limpasse! Para além disso, deixou bem claro que quem fosse apanhado a urinar para fora do carro seria imediatamente deixado no local. Pessoalmente, não pude deixar de pensar que aparentemente não havia problema nenhum em vomitar para fora do carro ou de urinar para dentro dele. Enfim, como nós os latinos da turma já fizémos notar, os americanos gostam mto de compartimentar vícios: é proibido fumar dentro dos edíficios e beber fora dos mesmos. Uma coisa de cada vez!!

O passeio foi absolutamente espectacular. Trouxe-me algumas recordações da "minha" Queima em Coimbra (só que sem chuva). As piores partes foram claramente as paragens nos bares. É mto mais divertido (e barato!!!) andar a passear pela cidade com música aos berros e um gin tónico na mão (outra curiosidade americana: os carros são considerados in-door). Ou pelo menos é essa a noção que tenho, confesso que as memórias estão meio enovoadas.

E depois, claro, final em beleza num bar irlandês muito porreiro. Um dia em cheio.

Agora, só não me lembro muito bem quando raio foi que passámos pelo Zoológico e tirei esta foto da Joana...



(A Joana n está no degrau de baixo. O tipo louro é mesmo graaande!! O outro é nosso vizinho de baixo e quando não está a imitar o Ray Charles até tem um aspecto decente...)

Aardvark says bye.

PS: Serve esta crónica tb para experimentar esta novidade das fotos. P*** que pariu o trabalho que isso deu!!!

terça-feira, setembro 14, 2004

Os asiáticos e a narcolepsia

Estando munido de um espírito analítico ímpar, resultado sem dúvida de um número excessivo de anos dedicados à consultoria, sou já capaz de tirar uma conclusão científica intrigrante e inesperada desta minha curta estadia na Califórnia: a esmagadora maioria dos asiáticos sofrem de narcolepsia aguda!!

Aqui na biblioteca de Haas (A business school da UC Berkeley) existe um fenómeno estranhíssimo. Meia volta, volta e meia, ouve-se um sonoro "Bonc". É o ruído de mais uma cabeça de estudante a cair em cima dos livros.

Por algum motivo, existe um número surpreendente elevado de estudantes que acha que dormir em cima dos livros, da mesa ou do laptop na biblioteca da faculdade é uma coisa perfeitamente normal. Eu, na minha saloice tuga, não acho muito normal. Não acho normal que não se possa falar alto ou usar telemóveis, mas que se possa ressonar. Não acho normal que não se possa trazer bebidas, mas que se possa babar impunemente em cima dos livros e das secretárias.

Outro facto curioso é que, até agora, todos os estudantes que vejo a fazer isto (e foram seguramente mais de meia dúzia) são asiáticos. Será um caso de jet lag genético? Será que, por terem os olhos mais fechados, têm maior propensão para adormecer? Estarão na verdade a meditar, como bons budistas/ praticantes de Yoga/Tai Chi/Ikebana?

Continuarei a compilar dados na esperança de um dia perceber. Ou então, juntar-me a eles. Com o número de asiáticos que pulula por aqui, qualquer que sejam os seus segredos, parecem que estão a resultar...

Aardvark

quarta-feira, setembro 08, 2004

Chulé, le parfum de la Californie?

Este é, na práctica, o primeiro post (agora que entrei na blogosfera, niguém me pára com estes termos geeks) em que nós verdadeiramente contamos alguma coisa do que está a acontecer aqui por estas bandas. A questão da escolha do tópico assume, consequentemente, importância acrescida e não é para ser tomada de ânimo leve. Afinal de contas, já cá estamos há quase um mês, bastante mais do que a maioria dos sítios que dizemos de boca cheia que conhecemos (tipo: Praga? Conheço perfeitamente! Já lá estive duas vezes. Castelo, Kafka, Karlov Most, americanos bêbados, I know it all!).

Sem mais preâmbulos, dediquemos esta primeira crónica californiana ao Chulé.

Pensarão V. Exas que, longe de quem nos tem a amabilidade de indicar as alturas em que trilhamos percursos estilisticamente menos evoluídos, nos teremos certamente convertido à candura da meia branca de desporto a decorar o "téne" local, e que tal, em combinação com o fantástico calor californiano, estará a provocar um súbito surto de actividade sudorífera. Não!!! Apaziguai os vossos espíritos!! Não padecemos desta maleita que em tempos (uns definitivamente mais recentes do que outros) apoquentou alguns engenheiros da nossa praça.

O odor de que vos falo é, infelizmente, bastante mais insidioso e generalizado. A verdade é que, nos últimos dias, tinha vindo a sentir na escola, ocasionalmente, um certo odor desagradável que me parecia bastante difícil de identificar claramente e de localizar.

Confesso que o meu primeiro instinto foi snifar a minha própria roupa e alguns pontos mais recatados da minha fisionomia (refiro-me às axilas, btw...). Afinal de contas, desde que comecei a vir de bicicleta para as aulas (há 2 dias "úteis" atrás) demoro cerca de 15 minutos para recuperar completamente o fôlego e meia hora para deixar de pingar suor pela cara abaixo. O que é perfeitamente compreensível, uma vez que moro a pelo menos 6 blocos do campus. Uns bons 600 ou 700 metros!!! E com subidas que chegam por vezes a ultrapassar o 1%! Para aí, ou menos!!!

Mas não, não era isso. Não é que a minha roupa cheirasse propriamente a jasmim acabado de colher (se é que o jasmim se colhe...), mas não era esse o odor. Se calhar, as pessoas ao meu redor não tomavam banho. Se calhar, apesar dos apelidos de ressonância germânica, anglófila, judia e afins, estes americanos sejam mas é todos de ascendência francesa ou belga e nutram uma afeição tal ao sabonete e ao champôo que, à semelhança das vacas na Índia, só os podem consumir em circunstâncias cerimoniais muito específicas... No entanto, uma observação mais cuidadosa pareceu excluir também esta hipótese, pois a aproximação a estas pessoas não aumentava em nada a intensidade deste odor.

Até que hoje, quando estava reunido com o meu study group na biblioteca (na verdade, eles estavam reunidos para resolver problemas de estatística - que eu tive o bom senso de fazer o teste e dispensar - e eu estava a a gozar com eles) e mais uma vez a leve fragância se fez sentir, tudo fez sentido. Olhei para o meu colega e ele estava com a sua chinela pendurada no pézão.

Claro!! Se juntarmos à estranha e aparentemente ubíqua fragância o facto de estes tipos terem quase todos o estranho hábito de andarem sempre de chineleca como se estivessem para ir para a praia e de os últimos dias terem sido dos mais quentes em San Francisco nos últimos anos (toda a questão do tempo na California merece só por sim um post especial, se calhar em vários capítulos), tudo faz sentido. 80 pessoas numa biblioteca sem ar-condicionado (todo o edifício, aparentemente, não tem ar condicionado - não é necessário, dizem), num dia quente e sem nenhum artefacto que impeça o contacto do pezão sujo com o ar circundante (vulgo, sapato) só podia ter este resultado...

Mas, enfim, em Roma sê romano. Beware, Haas School of Business! Amanhã, haverá pelo menos um par de Havaianas pretas e respectivos pés mal-cheirosos a passear pelo campus.

Aardvark

PS: Para aqueles que estão preocupados com a qualidade higiénica das instalações em que passo tanto tempo, faço o reparo que posso estar a forçar um bocado a ideia para vosso entretenimento. O cheiro não era assim tão desagradável e poderoso. Era "apenas perceptível". Liberdade poética, digamos...

PS2: Esta não era provavelmente a crónica de estreia que muitos esperavam, em que eu contasse como era o meu dia-a-dia aqui, o que estava a achar da escola, dos colegas, do ambiente, da cidade, de San Francisco, etc. Essa crónica há de aparecer (ou transparecer em todas as outras), mas neste momento iria demorar muito tempo (não sei se já repararam, mas eu não sou muito poupado a escrever) e eu estou um bocado debaixo de água. E não, isto não era um trocadilho infame com o nevoeiro semi-omnipresente desta área...

segunda-feira, setembro 06, 2004

Apresentação da coisa

Pois é, já cá estamos. Aliás, já cá estamos há algum tempo (cerca de 3 semanas, para ser mais impreciso). Já começa a ser altura de partilhar alguma coisa com o pessoal, não?

Pois, estamos todos de acordo. Mas entretanto torna-se necessário decidir qual o formato exacto desta partilha. Este tema mereceu algum debate em alguns fóruns e até foi votado. À pergunta "Qual o melhor formato para o Hogi [eu] partilhar com a maltafixe a sua experiência nos States?", as respostas e as percentagens foram:

- Blog 42.86%
- Yahoogroups a la Bizarro 28.57%
- e-mails para os interessados 14.29%
- Quem é o Hogi? 0.00%
- E se fosses partilhar a tua experiência mas é com os paneleiros aí em SF? (Pita, votar aqui) 14.29%

Este survey permitiu-nos apurar 2 coisas:

1. Que toda a gente sabe quem é o Hogi (excepto talvez a pessoa que está a ler isto)
2. Que o Pita (aka D.J. Pita, o stripper) é obediente
3. Que o Blog reune a maioria (this is America, after all) entre os participantes

Imbuído de um verdadeiro espírito democrático, certamente que inspirado por este grande país (um pequeno toque de ironia, para quem estiver mais distraído), eu e a Joana decidimos criar este blog. Aqui, teremos todo o prazer em partilhar convosco as nossas impressões, pensamentos, ideias, enfim tudo o que nos vier à cabeça durante estes ~2 anos na Kalifornia e tivermos tempo (/paciência) para pôr no papel (ou nas teclas ou... vocês sabem do q estou a falar).

E o pessoal que prefere os e-mails sempre que existe uma novidade e que nunca se vai lembrar de vir aqui ver quais são as últimas? A palavra "azarucho" passa-me pela cabeça, mas talvez haja para aqui algum mecanismo para enviar automaticamente novos "posts" (ah pois, aqui o je já domina o lingo) para todos os interessados. E se não há, porra, devia haver! Bizarro, Bettencourt, Carlos, esta gente anda a dormir, não? Se tiver mesmo que ser, eu próprio posso substituir a máquina (um movimento altamente reaccionário do ponto de vista tecnológico) e enviar e-mails para os verdadeiramente interessados.

Nos próximos "posts" (tótil, esta coisa da blogonáutica) não percam os asiáticos que misteriosamente adormecem em cima dos livros nas bibliotecas, os hippies que vieram para cá durante os sixties e não conseguem voltar porque se esqueceram de onde vieram, e muitas outras histórias absolutamente fúteis e desinteressantes.

Entretanto, mandem os vossos comentários (é carregar num botão qualquer, não me perguntem qual), insultem-nos, elogiem o nosso bronze, o que quiserem. Este espaço é meu e da Joana, mas é também de todos vós.

Aardvark says até já.

domingo, setembro 05, 2004

A parte técnica já está criada. Agora, (só) falta o conteúdo... :-)

Mas essa parte está quase, quase, quase para ser começada...