Quem diria que iria demorar quase dois anos aqui na Bay Area para sentir um tremor de terra?
Tudo começa comigo mto bem sentado na biblioteca de Haas, a tentar arranjar motivos para não trabalhar, como de costume. Eis que senão que (algo me diz que esta expressão não está muito bem conjugada/ utilizada) tudo treme!! Não muito, mas mais que suficiente para não ficar na dúvida (camião a passar?). Quando estava à procura de um motivo para me distrair do trabalho, nunca esperei algo tão bom! Uau!! E a pensar que geralmente me perco no www.i-am-bored.com (que para mim se devia chamar já-não-tenho-pachorra-para-estudar-e-já-que-não-me-enviam-os-meus-ficheiros-de-civ4-quero-à-viva-força-encontrar-algo-qualquer-coisa-que-me-impeça-de-trabalhar.com). Isto é bem melhor!!!
O tremor de terra não foi muito forte, mas, como podem ver pelo mapa (mais informações em quake.wr.usgs.gov/recenteqs/Maps/SF_Bay.html), foi bem aqui em Berkeley. Na verdade, foi na falha que passa aqui do outro lado da estrada que passa em frente a Haas. A mesma falha que passa por baixo do estádio de futebol, da residência internacional, etc.
Como se isto não fosse excitação suficiente, a pessoa à minha frente na biblioteca adicionou um toque de humor. É - fiquei a saber depois - um visiting scholar suiço. Quando veio o tremor, olhamos, naturalmente, um para o outro, como que a perguntar: "sentiste?".
(Senti sim, e foi bom para ti, foi optimo, e quem cuida das ovelhas, que se lixe, o importante é que nos amamos, etc, etc. <-- interessante pormenor artístico de inspiração mista Saramago/Brokeback Mountain)
Claro que ambos tinhamos sentido. Ele candidamente, com um olhar vagamente atemorizado, pergunta (desta vez oralmente), "isto é sempre assim?". Chegou cá há pouco tempo e ficou naturalmente assustado com a perspectiva de ter tremores de terra todos os dias.
Ainda estive para lhe dizer que as ultimas semanas têm sido inusualmente calmas e que já andava com saudades dos meus tremores de terra. Pena que este tivesse sido tão pequeno... Mas enfim, fui bonzinho e disse-lhe a verdade. Foi a primeira vez que senti (mas sempre tinha tido curiosidade <- mais um devaneio brokemountaniano...).
Ele ficou mais descansado, apesar de viver na tal residencia universitária que fica por cima da falha. Não mto tempo depois - 15 minutos talvez - desata a tocar a sirene do campus (som semelhante a um alarme anti-aereo). Mau, mau, pensou ele e comunicou-me novamente com o seu olhar atemorizado. O que foi desta vez? Temos de evacuar? Que se passa com esta cidade? Em que me fui meter?
Ao que ao respondi sem que ele me tivesse perguntado: "Air raid!!". Coitado... Ainda não sabe que a sirene, por motivos que nunca cheguei a investigar, toca todas as quartas-feiras ao meio-dia. LOLLLL
Enfim, nunca achei que um tremor de terra fosse tão divertido. E a minha experiencia na Bay Area está mais completa. E ainda consegui mandar pela janela - entre tremor de terra, telefonemas excitados da Joana, conversas mudas com o tipo da frente, e texto para o blog - bem mais de meia hora. All in a good day's work!